A tecnologia facilita a vida de inúmeras maneiras, mas também apresenta desafios, especialmente para Psicólogos que precisam respeitar um código de ética diferenciado e respeitar limites entre suas presenças digitais pessoais e profissionais.
Em um mundo que rapidamente se digitalizou, é quase impossível ter sucesso profissional sem o uso de alguma rede social.
Quer use-a para comercializar a prática, manter contato com outros profissionais, buscar oportunidades de educação continuada ou alcançar pessoas que estejam procurando por seus serviços, há questões éticas que envolvem o resultado do seu uso.
Definindo limites
Ao iniciar a comercialização da prática de terapia, é comum que o Psicólogo recorra a todos as redes sociais disponíveis para obter a maior visibilidade.
Geralmente se recomenda criar uma página profissional e indicá-la claramente como tal.
Em seguida, usar as ferramentas de privacidade para tornar o perfil pessoal o mais privado possível. Isso não impede que os pacientes encontrem o perfil pessoal do Psicólogo, mas limita as informações que podem acessar.
O uso da linguagem profissional também ajuda a conta profissional a crescer.
Embora o estilo de comunicação envolva vários pontos de exclamação, rostos sorridentes e outros emoticons ou palavrões, é recomendável manter a página livre de falas de senso comum.
Mas, no consultório particular, o Psicólogo precisa ser ele mesmo, com a finalidade de incentivar os pacientes a trazerem seu verdadeiro eu para a terapia.
Muitos Psicólogos acreditam que xingar ou manter uma linguagem usual na sessão ajuda a promover e desenvolver o relacionamento terapêutico.
Então, é melhor deixar os pacientes conhecerem sua filosofia durante a sessão, onde será possível dar uma explicação.
As postagens precisam estar adequadas aos negócios. Compartilhar cartões de citações e outros gráficos motivacionais geralmente é bom, mas é melhor manter fotos pessoais. Pessoas com diferentes problemas irão visualizar a página a qualquer momento.
Antes de fazer uma postagem, é fundamental considerar se ela vai impactar negativamente alguém que esteja em perigo. Se houver uma chance razoável disso, é melhor evitar.
Quando um paciente envia pedido de amizade
Em algum momento pode acontecer de uma pessoa com quem trabalhamos enviar uma solicitação de amizade.
O código de ética não proíbe explicitamente aceitar tal solicitação, mas a recomendação é que um Psicólogo não tenha pacientes como amigos.
As pessoas usam as redes sociais para compartilhar informações muito reveladoras sobre si mesmas.
Ter um paciente como amigo lhe dará a oportunidade de ver detalhes da vida do Psicólogo que ele não compartilha em terapia.
Ter acesso a informações pessoais detalhadas afeta significativamente o vínculo que o Psicólogo tem com seu paciente.
Desenvolver uma política de redes sociais e compartilhá-la com os pacientes durante a primeira sessão ajuda a evitar que solicitações de amizade se tornem um problema. Um
Psicólogo não deve aceitar pedidos de amizade em troca da proteção de sua confidencialidade e para manter um relacionamento terapêutico eficaz.
Alguns pacientes não entendem totalmente o relacionamento terapêutico, portanto, é sempre útil lembrá-los de que, embora muitos Psicólogos e pacientes desenvolvam um forte vínculo, ele é diferente daquele de um relacionamento pessoal ou de amizade.
O marketing do consultório
Ao configurar uma página de negócios nas redes sociais, o Psicólogo precisa pensar nela como um cartão de visita. Por outras palavras, ele está se apresentando a pacientes em potencial.
A seguir estão quatro dicas fundamentais:
As curtidas e comentários são públicos
Nem todo mundo usa configurações de privacidade. Se o Psicólogo curtir uma postagem pública ou deixar um comentário, qualquer pessoa poderá vê-la.
A melhor prática aqui é apenas curtir ou comentar outras postagens profissionais diretamente relacionadas a serviços de terapia ou tratamento de saúde mental.
Mas, mesmo que não esteja divulgando nenhuma informação do paciente, o Psicólogo precisa considerar se há alguma possibilidade de suas palavras facilitarem a identificação de uma pessoa em terapia.
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Se houver alguma chance disso acontecer, deve-se evitar.
Resumindo, o Psicólogo precisa ter cuidado ao curtir postagens, mesmo aquelas de outros profissionais, e considerar como as curtidas e os comentários vão se refletir em sua prática.
A interação precisa ser cuidadosa
Fazer networking com outros profissionais de saúde mental é uma ótima maneira de usar as redes sociais profissionalmente, mas também é essencial considerar as possíveis implicações éticas.
Se outro Psicólogo compartilhar informações de um paciente que violem a confidencialidade, por exemplo, então não se deve responder publicamente.
Pode-se considerar, no entanto, entrar em contato com esse Psicólogo por meio de mensagem privada e expressar as preocupações.
Não interagir com qualquer postagem
Se outro Psicólogo compartilha informações mais pessoais do que profissionais, ignorar a postagem é provavelmente o melhor curso de ação.
Conforme mencionado acima, uma opção melhor é enviar uma mensagem privada a esse profissional, informando-o por que a postagem é inadequada.
Restringir o recebimento de mensagens
Nas redes sociais é possível definir as configurações da página profissional para permitir o recebimento de mensagens, e também impedi-las.
Às vezes um potencial cliente pode enviar uma mensagem contendo informações confidenciais sobre sua saúde mental.
Em vez disso, é melhor compartilhar as informações de contato claramente na página da empresa, incluindo número de telefone e endereço de e-mail.
É sempre melhor incentivar os pacientes a entrarem em contato por esses métodos.
Ao se arrepender de uma postagem
Os Psicólogos são humanos e todos eles cometem erros. Um erro comum na internet é fazer uma postagem em uma rede social e depois se arrepender.
É possível removê-la, claro, mas muitas vezes não antes de muitas, talvez centenas, de pessoas a visualizarem.
Talvez o Psicólogo tenha se envolvido em uma discussão pública com outro profissional, e parte da discussão tenha se desviado para o não profissional.
Às vezes a linguagem de uma citação, ou o comentário que a acompanha, tenha passado uma má impressão, ou insinuado falta de sensibilidade. Ou possivelmente um comentário em uma página indicando as inclinações políticas e ofendendo um atual paciente.
Não importa a situação, é importante dar um passo para trás antes de reagir emocionalmente. É sempre melhor primeiro perguntar a si se está realmente errado, se alguém se ofendeu desnecessariamente ou está trollando.
Remover silenciosamente a postagem e deixar o problema desaparecer também é suficiente.
Outros tipos de postagens exigem um pedido de desculpas.
Postagens que usam linguagem não afirmativa para pessoas transgênero ou variantes de gênero, ou insinuam culpa em sobreviventes de agressão sexual, por exemplo, não podem simplesmente ser removidas.
É fundamental fazer uma nova postagem informando o desconhecimento dos prejuízos causado por tal linguagem.
E sempre pedir desculpas sinceras, reconhecendo que cometeu um erro.
O Psicólogo precisa estar atento e ter cautela em suas postagens nas redes sociais. Se ele deseja compartilhar algo sobre um tópico no qual não é muito versado, precisa pedir a opinião de alguém com mais experiência.
Palavras finais
Navegar na internet e aprender a fazer as melhores escolhas para o consultório particular é um desafio para muitos Psicólogos, mas não precisa ser difícil.
Se ele hesitar em usar a rede social para o seu negócio de terapia, precisa considerar fazer um curso de educação continuada.
Isso vai ajudá-lo a aprender a usar ferramentas de redes sociais de maneira ética e eficaz.
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