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Psicoterapeuta com abordagem em Psicologia baseada em evidências desde 2012. Tratamento para narcisismo e borderline.

Não sei o que fazer da minha vida: como resolver o problema?

Não sei o que fazer da minha vida: como resolver o problema?

A sensação de estar perdido e pensar “não sei o que fazer da minha vida” é mais comum do que você imagina. Não é um sinal de fracasso, mas um passo em direção ao crescimento.




Você já se pegou pensando: “Será que estou no caminho certo?”, ou talvez “Por que pareço estar sem rumo se tenho tantas possibilidades?”. É bem comum se sentir perdido na vida, especialmente em fases de transição ou quando as pressões externas começam a pesar.

Mesmo assim, esse sentimento de não ter propósito costuma causar aflição e ansiedade, fazendo com que muita gente busque ajuda para entender o que fazer da sua vida. Com isso, surge a necessidade de um guia que ofereça ferramentas práticas e uma reflexão sólida para quem quer retomar o controle.

Neste artigo, vou compartilhar diversas estratégias que utilizo em meu consultório, onde atendo pessoas que relatam falta de direção na vida. Muitas delas afirmam estarem confusas sobre seu futuro e desejam clareza para superar o medo de não saber qual caminho seguir.

Para lidar com essa angústia, reuni aqui abordagens embasadas em estudos científicos, relatos de pacientes e citações de especialistas que podem nortear a sua trajetória. Afinal, nunca foi tão fácil ficar paralisado pelas dúvidas quando as oportunidades se multiplicam a cada dia.

O objetivo geral deste texto é claro: oferecer uma reflexão acessível e prática para quem está em crise ou até mesmo em um beco sem saída. Vou discutir como descobrir o que realmente se quer da vida, lidar com a pressão de “dar certo” e encontrar estratégias para desenvolver um propósito autêntico.

Além disso, respondo às principais perguntas sobre crise existencial, medo de errar, falta de motivação e estar em um momento de incerteza.


Os sinais de uma crise existencial

Antes de tudo, é crucial saber identificar quando estamos verdadeiramente atravessando uma crise existencial. Mas qual a diferença entre um momento passageiro de dúvida e uma crise mais profunda? Um bom ponto de partida é perceber a recorrência das angústias.

Se você frequentemente sente que a vida não faz sentido, a ponto de isso afetar atividades rotineiras, pode ser o indício de uma crise. Aliás, pesquisas publicadas na Revista Brasileira de Terapia Comportamental (SILVA, 2020) apontam que cerca de 40% das pessoas em idade adulta experimentam pelo menos uma grande crise interna relacionada a propósitos de vida.

Outra característica comum é estar confuso sobre seu futuro e apresentar dificuldades para projetar metas. Em meu consultório, atendi um paciente que relatava acordar todos os dias com a sensação de estar sem rumo.

Ele dizia: “Não consigo planejar nada, porque não sei se realmente vale a pena.” Se você se identifica com esse tipo de relato, pode estar no meio de uma crise que requer atenção profissional e a adoção de técnicas de autoconhecimento para descobrir valores internos e obter maior clareza de objetivos.

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Além disso, é importante diferenciar um período de incerteza de uma crise genuína. Momentos de dúvida são naturais em qualquer fase da vida, enquanto a crise se caracteriza pela sensação persistente de não saber o que querer da vida, que gera paralisia e até mesmo angústia existencial.

Período de incertezaCrise existencial genuína
É temporário e costuma surgir em momentos de transiçãoÉ duradoura e persistente, sem causa clara imediata
Gera dúvidas pontuais sobre escolhas ou caminhosGera confusão profunda sobre identidade, propósito e sentido da vida
Estimula reflexão e pode levar ao crescimento pessoalParalisa decisões e provoca sofrimento emocional significativo
Normal em qualquer fase da vidaPode indicar necessidade de apoio psicológico ou psicoterapia
Há certo grau de clareza, mesmo com insegurançaPredomina a sensação de não saber o que querer da vida

Se isso soa familiar, procure explorar possíveis causas: insatisfação profissional, conflitos familiares ou sobrecarga emocional. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2019), a insatisfação crônica pode levar a quadros de ansiedade e depressão, reforçando o quadro de se sentir estagnado.

Então, por que você se sente tão perdido, mesmo tendo opções? Geralmente, porque a abundância de caminhos gera confusão, e a comparação social nas redes intensifica essa sensação de falta de direção na vida. Nesse sentido, reconhecer os sinais de crise é o primeiro passo para obter ajuda e descobrir estratégias de superação.

Fazendo isso, você evita prolongar o sofrimento e abre espaço para uma jornada de redescoberta pessoal. A seguir, veremos como começar a desenhar essa rota de busca pelo que verdadeiramente importa.


Entendendo as raízes do problema

Algumas pessoas acreditam que só passam por crises existenciais aquelas que não têm sucesso material. No entanto, as evidências mostram que até indivíduos financeiramente estáveis podem se sentir perdidos na vida.

De acordo com um estudo publicado na plataforma SciELO (GONÇALVES; RIBEIRO, 2018), muitos profissionais bem-sucedidos relataram estar em um momento de incerteza devido à desconexão com valores pessoais. Isso revela que a crise não está apenas ligada à falta de recursos, mas também à falta de alinhamento entre o que fazemos e quem realmente somos.

Nesse sentido, não ter propósito não significa não ter direção alguma; muitas vezes, significa ter prioridades desalinhadas ou não identificadas. Em minha experiência clínica, atendi a Mariana, pessoa que, depois de anos em uma carreira de sucesso, percebia sentir que a vida não faz sentido.

Ela dizia: “Ganho bem, mas por que ainda me sinto vazia?”. Esse dilema emerge quando as conquistas externas não refletem necessidades internas, e a pessoa se vê sem entusiasmo ou alegria, gerando um questionamento profundo do tipo: “É só isso a vida?”.

Como descobrir o que você realmente quer da vida? Primeiramente, vale a pena explorar seu histórico, suas paixões e seus valores. Muitas vezes, é útil obter auxílio de um profissional para fazer testes de personalidade ou participar de workshops de desenvolvimento pessoal.

De acordo com a psicóloga e pesquisadora Brené Brown (BROWN, 2012), entender as próprias vulnerabilidades e paixões é fundamental para identificar um propósito genuíno. Caso contrário, a pessoa corre o risco de abraçar valores que não são seus, perpetuando a sensação de não saber qual caminho seguir.

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Seguindo esse raciocínio, vale a pena questionar: E se você escolher o caminho errado? O medo de errar é tão comum que muitas pessoas preferem a paralisia à ação. Entretanto, é agindo que se adquire clareza. Um caminho aparentemente “errado” pode trazer aprendizados preciosos para redirecionar a vida.

Assim, em vez de ver o erro como algo irreversível, encare-o como parte do processo de descoberta. Dessa forma, você evita ficar estagnado e consegue explorar oportunidades que antes pareciam inatingíveis. No próximo tópico, analisaremos como definir objetivos tangíveis que deem sentido ao seu dia a dia.


Definindo metas estratégicas para retomar o rumo

Um fator que ajuda a superar essa sensação de estar sem rumo é definir metas claras e alcançáveis. Porém, nem todo mundo sabe por onde começar. Uma boa tática é usar o método SMART, que propõe:

  • Metas específicas (Specific);
  • Mensuráveis (Measurable);
  • Atingíveis (Achievable);
  • Relevantes (Relevant) e;
  • Com prazo definido (Time-bound).

Por exemplo, em vez de dizer “Quero um emprego melhor”, especifique: “Quero obter um cargo de coordenação em minha área nos próximos seis meses, aplicando-me a três processos seletivos por mês”. Esse nível de detalhe reduz a sensação de ficar paralisado pelas dúvidas.

Para reforçar esse sistema, faço uso de uma tabela simples em meu consultório, que você também pode replicar:

Meta EspecíficaPrazo Estipulado
Obter promoção na empresa X6 meses
Explorar novas áreas de interesse3 meses

Essa abordagem visual ajuda o paciente a enxergar com clareza o que precisa ser feito, evitando o mar de incertezas e abrindo espaço para a ação concreta. Lembre-se de que a tabela deve refletir suas prioridades e valores reais.

Outra pergunta comum é: “Como saber se estou seguindo minha verdadeira vocação?” A resposta passa pela experimentação. Além de reflexões internas, teste atividades e carreiras que despertem interesse. Por exemplo, faça trabalho voluntário, cursos rápidos ou estágios de curta duração em áreas diversas.

Desse modo, você transforma a dúvida em movimento, evitando a armadilha de se sentir estagnado. Inclusive, a doutora em Psicologia Angela Duckworth (DUCKWORTH, 2016) destaca que a paixão e a perseverança, conhecidas como “grit”, são determinantes para o florescimento profissional.

Outro ponto fundamental é planejar o futuro sem perder de vista o presente. Muitas pessoas idealizam tanto o amanhã que se esquecem de viver o agora. E isso pode piorar a sensação de não ter propósito, pois parece que nada do presente faz sentido.

Portanto, construa metas graduais e celebre vitórias modestas. Cada passo dado ajuda a criar confiança em suas escolhas. Devo seguir a razão ou o coração nas minhas escolhas? O ideal é equilibrar ambos: use a razão para planejar e o coração para manter a chama da motivação. Assim, você encontra coerência e satisfação na jornada.


Ferramentas práticas de autoconhecimento

Em meu consultório, recorro a exercícios de autoconhecimento para quem diz não saber o que querer da vida. Um dos recursos mais úteis é o genograma, que mapeia padrões familiares. Às vezes, comportamentos ou expectativas herdadas geram bloqueios, provocando falta de direção na vida.

Outra ferramenta popular é o journaling, ou seja, escrever diariamente sobre sentimentos e ideias. Essa técnica, descrita em artigos no Wikipedia (WIKIPEDIA, 2023), funciona como um registro que facilita identificar pensamentos recorrentes e padrões de comportamento, auxiliando na construção de insights pessoais.

Também costumo apresentar aos pacientes uma tabela de valores pessoais, dividindo entre valores prioritários e secundários:

Valor PrioritárioValor Secundário
LiberdadeReconhecimento
FamíliaSucesso Financeiro

Esse recurso ajuda a entender quais aspectos não podem ser negligenciados. Afinal, muitos ficam confusos e sentem que a vida não faz sentido quando ignoram valores fundamentais. Então, explore essas prioridades e descubra quais renúncias podem ser feitas para alinhar sua vida às metas que traçou. Esse exercício favorece uma autoanálise sincera, indispensável para quem vive crise existencial.

Ainda, é crucial manter um diálogo interno compassivo. Você pode se perguntar: “É normal não saber o que fazer, mesmo depois dos 30?” Absolutamente. Diversos estudos indicam que o fenômeno do “quarter-life crisis” (crise do quarto de vida) e até do “mid-life crisis” não têm idade exata para acontecer (FREITAS, 2019).

Dessa forma, praticar a autocompaixão e evitar julgamentos severos facilita a busca por soluções. Então, em vez de se culpar, procure ajuda especializada. Invista em um psicólogo, terapeuta ou mentor que possa orientar a sua jornada de descoberta pessoal.

Como diferenciar um momento de dúvida de uma crise existencial? A dúvida normal estimula perguntas pontuais e gera movimentos construtivos. Já a crise reflete um estado prolongado de estar confuso sobre seu futuro, que prejudica a rotina e gera sofrimento constante.

Se você se identificar com esta segunda situação, procure explorar ferramentas de autoconhecimento ou até adquirir livros que abordem o tema. Lembre-se: ter alguém para guiar o processo pode acelerar o autoconhecimento.

Caso seja necessário, entre em contato com profissionais especializados que já possuam experiência e treinamento para orientar decisões e minimizar as chances de um retrocesso emocional.


Superando o medo de errar e a pressão social

Como lidar com a pressão de ter que dar certo na vida? Essa pressão vem de várias frentes: família, amigos, redes sociais. É fácil ficar paralisado pelas dúvidas diante das expectativas alheias. Contudo, uma estratégia eficaz é definir seus próprios parâmetros de sucesso.

Em vez de adotar metas que outros julgam importantes, avalie o que você realmente valoriza, como qualidade de vida, tempo livre ou desenvolvimento pessoal. A pressão externa se torna menos sufocante quando você reconhece e defende os seus objetivos autênticos, sem ceder à comparação constante.

Outra questão recorrente é: Como tomar decisões sem paralisar pelo medo de errar? Aqui, recomendo o que chamo de “erro controlado”: em vez de apostar tudo em uma só escolha, faça pequenos testes, colete feedback e ajuste o rumo conforme os resultados. Se estiver em dúvida sobre qual carreira seguir, por exemplo, descubra oportunidades de voluntariado ou freelas pontuais.

Assim, você diminui o risco e explora opções até sentir confiança para um passo maior. Isso reduz a sensação de estar sem rumo, pois cada pequena vitória gera aprendizado.

Outra fonte de ansiedade é se sentir perdido na vida por não atender o “padrão ideal” propagado nas redes sociais. Nessas plataformas, todo mundo parece pleno e realizado, o que intensifica a crise existencial.

Entretanto, lembre-se de que as redes mostram recortes, não a vida real. Então, procure filtrar o conteúdo que consome, busque comunidades que promovam discussões construtivas e inspire-se em trajetórias reais, não apenas nas aparências. Conscientizar-se disso ajuda a blindar sua saúde mental e a manter o foco em seu próprio caminho.

Existe um jeito certo de encontrar meu propósito? Não há uma fórmula mágica. Alguns encontram sentido rapidamente, outros passam por longos períodos de autodescoberta. Importante é adquirir persistência e autoconhecimento ao longo do processo.

No consultório, presenciei casos de pessoas que mudaram de profissão várias vezes até entenderem o que realmente importava. E elas me disseram, em tom de alívio: “Foi testando que percebi o que fazia meu coração vibrar”. Por isso, não tenha medo de arriscar em busca de coerência interna. A mudança, muitas vezes, é o caminho mais rápido para a realização.


Passo a passo para escolhas mais claras

Às vezes, visualizar esquematicamente ajuda a sair da inércia. Segue um esquema simples:

  1. Identifique o problema (Ex.: Sinto-me sem rumo e sem propósito.)
  2. Delimite os valores centrais (Ex.: Família, criatividade, liberdade financeira.)
  3. Proponha pequenas metas (Ex.: Participar de um curso novo.)
  4. Aplique testes curtos (Ex.: Fazer um projeto voluntário de 1 mês.)
  5. Avalie o resultado (Ex.: Me senti energizado ou entediado?)
  6. Ajuste o plano (Ex.: Procurar oportunidades na área onde me senti energizado.)
  7. Reforce conquistas (Ex.: Comemore cada meta cumprida.)

Use esse passo a passo para guiar reflexões diárias e explorar as oportunidades que surgirem.


Palavras finais

Chegamos ao final deste artigo com a proposta de oferecer uma visão prática e acolhedora para quem está confuso sobre seu futuro ou não sabe o que querer da vida. Vimos que se sentir perdido na vida nem sempre é algo negativo; pode ser um sinal de que mudanças são necessárias.

Ao longo do texto, abordamos perguntas cruciais, apresentamos ferramentas de autoconhecimento e destacamos a importância de alinhar valores pessoais com ações concretas. Esse alinhamento é uma das formas mais eficazes de reencontrar o sentido e sair da estagnação.

Além disso, pontuamos a relevância de reconhecer uma crise existencial e de buscar apoio profissional, se preciso. Também falamos sobre como lidar com a pressão social e de onde vem o medo de escolher “o caminho errado”.

Como vimos, a decisão perfeita raramente existe; o que há são aprendizados contínuos que nos guiam à frente. Então, obtenha coragem para testar, explore diferentes cenários e descubra novas possibilidades. Cada passo dado, ainda que pequeno, é uma forma de superar a falta de direção na vida e reforçar a autoconfiança.

Por fim, lembre-se de que processos de mudança real acontecem no dia a dia. Não espere um lampejo divino para saber o que fazer da sua vida. Em vez disso, adquira pequenas metas diárias, busque feedback, mude rotas quando necessário. Se você estiver em um momento de incerteza, lembre-se de que não está sozinho.

Há pesquisas, profissionais, métodos e redes de apoio prontos para ajudá-lo a encontrar propósito. Ficar paralisado pelas dúvidas não resolve nada; a ação, mesmo que mínima, é sua melhor aliada. Invista em autoconhecimento e aproxime-se, cada vez mais, de uma existência autêntica.


Referências

BROWN, B. A coragem de ser imperfeito. São Paulo: Sextante, 2012.
DUCKWORTH, A. Grit: o poder da paixão e da perseverança. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.
FREITAS, R. Crise dos 30: Reflexões sobre escolhas e caminhos. Psicologia em Revista, v. 2, n. 4, p. 45-62, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 08 abr. 2025.
GONÇALVES, P.; RIBEIRO, T. Conflitos internos e crise existencial em adultos de meia-idade. Revista de Estudos em Psicologia, v. 5, n. 3, p. 78-91, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 08 abr. 2025.
SILVA, L. Reflexões sobre o sentido da vida na terapia cognitiva. Revista Brasileira de Terapia Comportamental, v. 3, n. 2, p. 21-33, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 08 abr. 2025.
WHO (World Health Organization). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates, 2019. Disponível em: https://www.who.int/. Acesso em: 08 abr. 2025.
WIKIPEDIA. Journaling. 2023. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Journaling. Acesso em: 08 abr. 2025.

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