Você já ouviu aquele ditado que diz “os opostos se atraem”? Pois bem, quando falamos de duas pessoas com transtorno de personalidade borderline (TPB), a história é diferente. Nesse caso, estamos lidando com personalidades que compartilham características muito parecidas: intensidade emocional, impulsividade, medo de abandono e aquele amor que, quando vem, parece um furacão. Agora, a grande questão: duas pessoas com TPB conseguem ter um relacionamento saudável?
Por que duas pessoas com TPB se atraem?
Primeiro, precisamos entender por que duas pessoas com transtorno de personalidade borderline se apaixonam. Quando olhamos de perto, há um tipo de conexão que é quase magnética. Ambos compartilham uma intensidade que pode ser incompreendida por pessoas que não têm o transtorno.
1. Entendimento mútuo
Pessoas com TPB sabem como é viver com emoções avassaladoras. Isso cria uma espécie de empatia natural. É como se, finalmente, elas encontrassem alguém que as entende profundamente. A conexão inicial é muito forte, já que ambos compartilham um “mundo interno” turbulento.
2. Atração pela intensidade
Relacionamentos com pessoas que têm TPB raramente são mornos. Eles tendem a ser intensos, cheios de paixão e emoção. Para quem vive nessa montanha-russa emocional, encontrar alguém que embarque na mesma jornada é extremamente atraente.
3. Conexão profunda
Por trás de toda a instabilidade, as pessoas com TPB têm uma capacidade única de criar vínculos emocionais profundos. Quando encontram alguém que entende essa necessidade de proximidade, isso resulta em uma relação que parece “escrita nas estrelas”.
Os desafios de um relacionamento borderline + borderline
Se por um lado a conexão entre duas pessoas com TPB é intensa e empática, por outro lado, os desafios são igualmente gigantes. Vamos falar sobre os pontos que podem transformar esse romance em um verdadeiro campo minado.
1. Intensidade dobrada
Quando duas pessoas com TPB estão juntas, a intensidade emocional é multiplicada. Um pequeno desentendimento vira uma briga épica, com direito a gritos, lágrimas e portas batendo. A dificuldade de ambas em regular as emoções torna qualquer conflito potencialmente explosivo.
Exemplo: Um dos parceiros sente que não recebeu atenção suficiente durante o dia. Esse sentimento, que poderia ser resolvido com uma conversa tranquila, se transforma em uma discussão cheia de acusações.
2. Medo mútuo de abandono
Se o medo de ser abandonado já é um problema para quem tem TPB, imagine duas pessoas vivendo com esse mesmo pavor. Isso leva a comportamentos possessivos, ciúmes exagerados e uma necessidade constante de reafirmação.
Cenário comum: Ambos interpretam qualquer mudança no tom de voz, demora em responder mensagens ou até um momento de silêncio como um sinal de rejeição iminente.
3. Impulsividade em dose dupla
Outro desafio é a impulsividade, que é perigosa quando está presente em ambas as pessoas. Decisões precipitadas, brigas acaloradas e atitudes tomadas no calor do momento desgastam a relação rapidamente.
Exemplo prático: Uma briga acalorada termina com um dos parceiros saindo de casa e ameaçando nunca mais voltar – só para se arrepender algumas horas depois.
4. Ciclos de idealização e rejeição
No TPB, é comum que uma pessoa idealize o parceiro em um momento e, no minuto seguinte, o rejeite completamente. Quando ambas as pessoas vivem isso, a relação se torna uma verdadeira gangorra emocional, com altos e baixos constantes.
Razões para se darem bem
Por incrível que pareça, há muitos motivos pelos quais duas pessoas com TPB se dão bem. Nem tudo é caos e destruição, tá? Vamos explorar os pontos positivos.
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1. Empatia genuína
Por compartilharem experiências emocionais semelhantes, essas pessoas são extremamente compreensivas uma com a outra. Essa empatia cria uma base sólida para o relacionamento, já que ambos sabem como é viver com as dores e desafios do TPB.
2. Potencial de crescimento conjunto
Casais que enfrentam desafios juntos têm a chance de crescer como indivíduos e como parceiros. Ao trabalharem nas dificuldades emocionais e comportamentais juntos, eles constroem uma relação mais saudável e equilibrada.
3. Conexão emocional única
A intensidade emocional do TPB também tem seu lado positivo: a capacidade de criar vínculos profundos e significativos. Quando canalizada de forma saudável, essa conexão será a base de um amor duradouro.
Razões para não se darem bem
Por outro lado, não podemos ignorar que algumas características do TPB tornam o relacionamento entre duas pessoas com o transtorno extremamente desafiador.
1. Falta de regulação emocional
Sem o suporte adequado, a relação se transforma em um ciclo interminável de brigas, reconciliações e novas brigas. Isso desgasta ambos e pode levar ao término do relacionamento.
2. Exacerbação dos problemas
Quando um parceiro com TPB está passando por uma crise, o outro é puxado para essa mesma espiral emocional. Sem habilidades de enfrentamento adequadas, a relação se torna um redemoinho de caos.
3. Falta de estabilidade
A instabilidade emocional característica do TPB dificulta a construção de um relacionamento estável. Isso leva ao término precoce ou a uma relação marcada por idas e vindas constantes.
Como fazer dar certo?
Agora que já sabemos os prós e contras, a pergunta que não quer calar: é possível fazer um relacionamento entre duas pessoas com TPB dar certo? A resposta é: sim, mas com muito trabalho e comprometimento.
1. Terapia é essencial
A terapia é amplamente reconhecida como a abordagem mais eficaz para tratar o TPB. Fazer terapia individual e, se possível, terapia de casal, transformará completamente o relacionamento.
2. Comunicação é a chave
Aprender a se expressar de forma aberta e respeitosa é fundamental. Em vez de atacar o outro, foque em como você está se sentindo.
Exemplo: Troque “Você nunca me dá atenção!” por “Eu me sinto inseguro quando você não me responde.”
3. Estabeleçam limites
Definir limites claros ajuda a evitar que as emoções fiquem fora de controle. Saber até onde ir em discussões e como respeitar o espaço do outro é vital.
Palavras finais
Relacionar-se já não é fácil para ninguém. Agora, imagine duas pessoas com TPB tentando equilibrar suas emoções enquanto constroem um relacionamento. É desafiador, mas não impossível. Com terapia, comunicação e um esforço genuíno para entender o outro, é possível transformar essa montanha-russa em uma viagem emocionante e cheia de aprendizados.
No fim das contas, o que realmente importa é a disposição de ambos em crescer juntos e superar as adversidades. Porque, no amor – borderline ou não – o que vale mesmo é a entrega e o desejo de fazer dar certo.
Resumo do artigo
Ponto | Descrição |
---|---|
O que é TPB | Emoções intensas, impulsividade, medo de abandono |
Por que se atraem? | Entendimento mútuo, conexão profunda, paixão intensa |
O que pode dar errado | Conflitos exacerbados, ciclos de idealização/rejeição |
O que pode dar certo | Empatia, crescimento conjunto, conexão emocional |
Como fazer funcionar | Terapia, comunicação aberta, estabelecimento de limites |
Referências
- BRASIL. Ministério da Saúde. Transtornos de Personalidade: Guia para Profissionais de Saúde. Disponível em: https://www.saude.gov.br.
- LINAHAN, Marsha M. Cognitive-Behavioral Treatment of Borderline Personality Disorder. Nova York: The Guilford Press, 1993.
- Psicologia Viva. O que é transtorno de personalidade borderline? Disponível em: https://www.psicologiaviva.com.br.
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