O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é marcado por instabilidade emocional, relações turbulentas e comportamento impulsivo. E, em uma era dominada pelas redes sociais, entender como essas plataformas afetam indivíduos com TPB é essencial.
Por isso, redes como Instagram e TikTok oferecem tanto riscos quanto benefícios. Elas expõem os usuários a conteúdos potencialmente prejudiciais, como comparações sociais e discursos negativos. Mas, ao mesmo tempo, possibilitam o acesso a comunidades de apoio e informações educativas que podem fazer diferença no manejo do transtorno.
Então, compreender como as redes sociais impactam pessoas com TPB é fundamental para criar estratégias de uso saudável. Essa compreensão também ajuda familiares e amigos a apoiar melhor essas pessoas, principalmente porque a realidade digital intensifica as experiências emocionais de quem vive com o transtorno.
Amplificação da instabilidade emocional
O TPB é caracterizado por mudanças rápidas de humor e sentimentos intensos de vazio. E, nas redes sociais, o fluxo contínuo de informações amplifica esses sintomas porque a exposição a imagens e comentários idealizados aumenta a autocrítica e a comparação social.
Por exemplo, ao ver um post de um amigo comemorando uma conquista, uma pessoa com TPB pode se sentir incapaz e frustrada. Isso intensifica a sensação de vazio e incapacidade, criando um ciclo emocional negativo que é difícil de quebrar.
Além disso, as redes promovem um ambiente onde o reforço social é constante, mas nem sempre positivo. Portanto, a busca por validação se torna um ponto central, contribuindo para oscilações emocionais ainda mais intensas.
O ciclo de validação e rejeição
Nas redes sociais, a validação por curtidas, comentários e compartilhamentos é um elemento natural, mas para indivíduos com TPB, essa busca se torna exagerada. Quando essa validação não ocorre como esperado, surgem sentimentos de rejeição que desencadeiam crises emocionais graves.
Por exemplo, a falta de engajamento em uma postagem pode ser percebida como desvalorização pessoal. Então, a pessoa reage impulsivamente, excluindo o conteúdo ou publicando compulsivamente em busca de mais validação. Isso acontece porque a interpretação de rejeição, mesmo que subjetiva, é amplificada pela hipersensibilidade emocional.
Mas, apesar desses desafios, é possível trabalhar essa relação com as redes de maneira mais saudável. Técnicas de regulação emocional e mudanças no padrão de uso são passos importantes que ajudam a quebrar esse ciclo.
Aspectos positivos
Embora os desafios sejam significativos, as redes sociais também oferecem benefícios importantes. E, para indivíduos com TPB, esses aspectos incluem:
- Grupos de apoio: Esses espaços oferecem uma rede de empatia e compreensão, porque permitem compartilhar experiências sem julgamentos;
- Psicoeducação: Contas especializadas em Psicologia ajudam a entender o transtorno e fornecem ferramentas práticas para enfrentá-lo;
- Expressão criativa: Redes como Instagram possibilitam que as emoções sejam canalizadas de maneira produtiva, como em projetos artísticos.
No entanto, é essencial que esses recursos sejam utilizados com acompanhamento de um Psicólogo. Isso porque a orientação profissional maximiza os benefícios, enquanto reduz os riscos associados ao uso excessivo ou inadequado.
Intervenções para um uso saudável
O Psicólogo tem um papel fundamental no desenvolvimento de estratégias que promovam o uso consciente das redes sociais. Então, algumas intervenções práticas podem incluir:
- Estabelecer limites de tempo: Isso ajuda a evitar o uso excessivo e promove equilíbrio;
- Filtrar conteúdos: Incentivar o seguimento de perfis que promovem mensagens positivas e evitar páginas que reforcem padrões irreais;
- Aplicar técnicas de DBT: Estratégias como mindfulness e regulação emocional são cruciais porque ajudam a lidar com gatilhos provocados pelas redes;
- Revisar percepções distorcidas: Trabalhar com o paciente para identificar interpretações incorretas sobre engajamento ou interações digitais.
Por exemplo, se um post específico provocar desconforto, o Psicólogo pode orientar o paciente a questionar: “Isso realmente reflete rejeição ou é apenas minha percepção?” Então, essa prática ajuda a reformular pensamentos de maneira mais saudável.
Leia também:
Impacto na autoimagem e relações interpessoais
O uso das redes sociais também influencia diretamente a autoimagem e as relações interpessoais, especialmente em pessoas com TPB. E, enquanto algumas criam perfis idealizados para se sentirem aceitas, outras lutam porque acreditam que não conseguem atender às expectativas sociais.
Além disso, conflitos em mensagens ou comentários podem desencadear reações emocionais intensas. Isso ocorre porque, nas interações digitais, a falta de tom e contexto aumenta a chance de mal-entendidos. Então, o impacto nas relações interpessoais se torna mais profundo, agravando os desafios enfrentados.
Ferramentas práticas
Algumas estratégias práticas ajudam a equilibrar o impacto das redes sociais. E, com pequenas mudanças, o uso dessas plataformas se torna mais saudável:
- Criar rotinas offline: Investir em atividades presenciais reduz a dependência emocional digital;
- Monitorar o uso: Apps que controlam o tempo nas redes são úteis porque ajudam a estabelecer limites;
- Fortalecer conexões reais: Priorizar interações presenciais diminui a busca por validação online;
- Explorar hobbies: Atividades como leitura ou arte canalizam emoções de forma construtiva.
Essas ações, quando aplicadas regularmente, promovem um uso mais consciente das redes e ajudam a melhorar o bem-estar geral.
Perguntas frequentes
As redes sociais são sempre prejudiciais para pessoas com TPB?
Não. Elas podem ser prejudiciais ou benéficas, dependendo do padrão de uso e da orientação recebida.
Como evitar comparações sociais prejudiciais?
Siga perfis que promovam mensagens positivas e realistas, e evite conteúdos que reforcem padrões irreais.
Grupos de apoio online são confiáveis?
Muitos são úteis, mas é importante que um Psicólogo avalie a segurança e a relevância desses grupos.
Como identificar que o uso das redes está sendo nocivo?
Se houver maior instabilidade emocional e sensação constante de rejeição, é um sinal de alerta.
O que fazer se as redes sociais piorarem os sintomas?
Procure um Psicólogo, porque ele pode ajudar a desenvolver estratégias para reduzir os impactos negativos.
Palavras finais
As redes sociais são ferramentas poderosas, mas também apresentam desafios para quem tem TPB. Porque intensificam instabilidades emocionais, o uso consciente é essencial. E, ao mesmo tempo, podem ser aliadas, promovendo conexão e aprendizado.
O Psicólogo tem um papel fundamental nesse processo porque auxilia na criação de estratégias personalizadas. Então, com apoio profissional, as redes podem ser ajustadas para contribuir positivamente para o bem-estar.
Por fim, cada caso é único e exige um acompanhamento contínuo. Porque somente com atenção às necessidades individuais é possível maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados ao uso das redes sociais.
Referências
- American Psychiatric Association. (2013). DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5ª edição.
Disponível em: https://psychiatry.org - Linehan, M. M. (1993). Cognitive-Behavioral Treatment of Borderline Personality Disorder. The Guilford Press.
Disponível em: https://www.guilford.com - Naslund, J. A., Aschbrenner, K. A., Marsch, L. A., & Bartels, S. J. (2016). “The future of mental health care: Peer-to-peer support and social media.” Epidemiology and Psychiatric Sciences, 25(2), 113–122.
Disponível em: https://doi.org/10.1017/S2045796015001067 - Keles, B., McCrae, N., & Grealish, A. (2020). “A systematic review: The influence of social media on depression, anxiety, and psychological distress in adolescents.” International Journal of Adolescence and Youth, 25(1), 79–93.
Disponível em: https://doi.org/10.1080/02673843.2019.1590851 - Andreassen, C. S., Pallesen, S., & Griffiths, M. D. (2017). “The Relationship Between Addictive Use of Social Media, Narcissism, and Self-Esteem: Findings From a Large National Survey.” Addictive Behaviors, 64, 287–293.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.addbeh.2016.03.006 - Chesney, E., Goodwin, G. M., & Fazel, S. (2014). “Risks of all-cause and suicide mortality in mental disorders: A meta-review.” World Psychiatry, 13(2), 153–160.
Disponível em: https://doi.org/10.1002/wps.20128
Últimas postagens
Deixe um comentário